Negligência emocional - Os 5 traços da criança que se torna adulta que internaliza tudo

Este artigo foi originalmente escrito em francês e publicado no site www.lafemmevictorieuse.com em Fevereiro 2021.

Primeiro, o que é negligência emocional? Negligência é não fazer algo. Negligência física é, por exemplo, não dar comida para os filhos, não dar roupas limpas para eles irem à escola, não ter um teto sobre a cabeça. Enquanto a negligência emocional não atende às necessidades emocionais da criança.

Você provavelmente está se perguntando quais são as necessidades emocionais da criança? Muito simples, ser amado, ouvido, apreciado, visto, ter atenção dos pais e receber carinho. Parece simples, mas na realidade muitas crianças são emocionalmente negligenciadas pelos pais por vários motivos.

Vou te dizer a verdade, foi fazendo pesquisas que eu descobri o quanto eu sofri de negligência emocional quando criança. Eu devo dizer que antes eu tinha uma ideia, mas eu não imaginava o quanto eu havia sofrido com isso. Como muitas pessoas eu achava que estava normal e meus pais eram assim.

Martinique - Dezembro 2018/Janeiro 2019

Eu sei que eu não sou a única. Muitos de nós pensamos que o comportamento abusivo e tóxico de nossos pais era normal. Infelizmente, uma vez adulto, é difícil identificar esses comportamentos porque se tornou a norma, e é assim que a história se repete.

Muito jovens, assumimos o fardo e as responsabilidades de nossos pais quando elas não eram nossos. Agora adultos, nós queremos apenas relembrar os bons tempos e enterrar no fundo os comportamentos inaceitáveis dos nossos pais. Nós damos desculpas por eles e nós mostramos compaixão sem nunca dizer a nós mesmos que nós sofremos, e muitos ainda sofrem com esse passado doloroso.

Quando criança, nós não tínhamos palavras para descrever o que sentíamos.

Você sente falta sem saber dizer exatamente falta de quê. Você acaba dizendo a si mesmo que você é o problema. Você não é normal, quando não é.

Essa negligência tem consequências na idade adulta, que poucos sabem.

  1. Você tem dificuldade em pedir ajuda aos outros

Quando você internaliza tudo o que tem medo de perturbar os outros com seus problemas, você se acostuma a administrar por conta própria. Sim, os pais tendem a pensar que essa criança não precisa de muita atenção. Assim, a criança se defende e resolve seus problemas sozinha.

Quando adultos, alguns sobreviventes de negligência emocional até pensam que pedir ajuda é para pessoas fracas. Você está tão acostumada a fazer tudo sozinha. E, no dia em que você realmente precisar de ajuda, você afundará em silêncio porque não sabe como pedir ajuda. Existem pessoas ao seu redor para te ajudar e que querem te ajudar, mas você não consegue articular as palavras para pedir ajuda. É muito difícil para você, você nunca fez isso.

Às vezes você tem memórias que voltam. As poucas vezes que você pediu ajuda aos seus pais ou familiares, eles disseram que não. Não é que eles não pudessem, eles simplesmente não queriam. Foi assim que você se acostumou a confiar apenas em si mesmo.

Eu era essa pessoa. Eu não poderia pedir ajuda. Eu pensei que ninguém realmente se importava comigo. Eu chorei e afundei em silêncio. Eu demorei muito para perceber que algumas pessoas queriam me ajudar e se preocupavam comigo, simplesmente porque eu não estava acostumada a ser realmente cuidada.

2. Você é hiper-independente

Você sabe que eu sempre achei que ser independente era um traço da minha personalidade. Era assim que eu era, só isso. Eu não achava que tinha me tornado assim porque simplesmente não tinha escolha. Eu tinha que ser porque ninguém se importava comigo quando criança. Era ou eu faço ou eu afundo. A esperança de uma vida melhor me fez continuar. Eu me lembro de pensar comigo mesmo: “Faça a coisa certa e um dia sua situação mudará”. Eu fiquei no silencio. Eu aceitei a situação.

Quando não tem ninguém para cuidar de você, você tem que fazer. Você sabe que reclamar, pedir atenção, gritar não vai mudar nada. Talvez seus pais tenham feito você sentir que estava pedindo demais: “Fique contente com o que você recebe. Você sempre pede mais. Faça! Faça isso sozinha! Você não precisa de nós para fazer isso!

Eles esperavam que você agisse como um adulto responsável antes da idade. Não tinha escolha senão fazer todo sozinha. 

Como adulto, será difícil confiar em seu marido. Você sempre sentirá que precisa controlar tudo. Você achará difícil confiar sua vida aos outros. Você sempre vai querer ter certeza de que tudo está sendo feito corretamente, de acordo com a sua visão.

Sem perceber, você excluirá seu marido das escolhas em sua vida. Você rejeitará ele, mesmo quando ele te oferecer sua ajuda. É como se ele visse você se afogando e estendesse a mão, e você não conseguiria segurá-la. Inconscientemente você responderá: “Deixe-me afundar, estou acostumada a afundar sozinha”.

Assim você vai afastar o ser que mais te ama no mundo e que realmente quer te ajudar. Esse ente querido sentirá que não tem lugar em sua vida porque você precisa de ninguém. Você pode fazer tudo sozinha.

Não é ruim em si ser capaz de cuidar de si mesma, mas as pessoas que amam você só querem te ajudar. Relacionamentos significativos são baseados em compartilhamento, confiança e cuidado. Nós queremos ajudar as pessoas que nós amamos. Nós queremos ver elas ter sucesso e se superar. Ele só quer te ajudar a ter sucesso e vencer suas batalhas. Você entende?

3. Você sempre faz demais nas relações

Eu devo admitir que é difícil ver o quão ignorante eu era sobre o assunto. Inconscientemente, eu disse a mim mesma que se eu fizesse, se desse o exemplo, se encorajasse, se falasse, se entendesse, se ouvisse, se esperasse, o relacionamento melhoraria. Sem chance.

Nós investimos tanto no relacionamento com nossos pais assumindo papéis que não eram nossos, que na idade adulta o fazemos naturalmente com os outros. Nós damos muito de nós pensando que essa pessoa vai mudar, que essa pessoa vai nos preencher, ou que vai atingir todo o seu potencial, ou que só precisa de nós como se não tivesse ninguém.

Nós fizemos muito para compensar o que nossos pais não queriam, não podiam ou se recusavam a nos dar. Alguns de nós aconselharam seus pais, ouviram eles, apoiaram eles, acalmaram eles e, às vezes, consolaram eles quando eles não estavam bem. Essa relação não era equilibrada.

Você precisa dar um passo para trás para perceber isso. Se lembre de tudo o que você costumava fazer. Eu sei que você pensou que era normal, e que você tinha que fazer. Seus pais não poderiam sobreviver sem você e seu encorajamento. E você, quem cuidou de você? Quem estava te ouvindo? Quem estava te encorajando? Quem te aconselhou? Quem te consolou? Ninguém.

Esta é a razão pela qual você se encontra em relacionamentos desequilibrados. Você está fazendo todo o trabalho e essa pessoa não está te dando o que você precisa. Você está lá para ele, mas ele nunca está lá para você. Você escuta ele, mas ela não te escuta de verdade, ele está sempre distraído com outra coisa.

No fundo, você não pode deixar de entender essa pessoa (parceiro, namoradas, amigos, colegas, etc…). Você diz que não é culpa dela ter passado por momentos difíceis. E você ? Você não passou por momentos difíceis? Você vai sacrificar toda a sua vida pelos outros? Você vai pagar o preço por algo que não fez a vida toda? Quando você finalmente perceberá que merece algo melhor do que isso?

Você merece ter relacionamentos que atendam às suas necessidades. Você não precisa ser aquela pessoa que dá abnegadamente e investe o tempo todo, mas nunca recebe nada em troca. O pior é que você nem pede muito, e você sabe que tenho razão.

4. Você atrai as pessoas que precisam de ajuda, precisam conversar e precisam confiar em alguém

Eu atraí esse tipo de pessoa na minha vida. Eles precisavam de mim, mas no fundo ela não estava me dando o que eu precisava. Eu apenas continuei a desempenhar o meu papel, para estar lá para todos.

As pessoas imediatamente se sentem confortáveis com você. Eles confiam em você com seus problemas e não têm nenhum problema em confiar em você, mesmo que você não conheçam elas há muito tempo.

É normal. Você tem feito isso toda a sua vida, você poderia dizer. Você fez isso com seus pais e seus irmãos, talvez. As pessoas são subconscientemente atraídas por você quando elas estão procurando por um ouvido atento. Elas podem fazer monólogos. Elas se sentem ouvidas.

Além disso, você sempre dá bons conselhos. Sim, você adquiriu muita sabedoria encontrando soluções para os problemas de seus pais durante todos esses anos.

É assim que nos encontramos com amigos que não nos trazem nada. Você sabe, no fundo, que você pode ficar sozinha. Eles te trazem companhia e é bom estar com eles, mas essas amizades não trazem nenhum valor para sua vida; contanto que você desempenhe seu papel, está tudo bem. Novamente, não há reciprocidade e você nem percebe isso.

Pense mais. Escreva em um pedaço de papel o que cada uma das pessoas ao seu redor traz para você. Quem realmente te conhece? Não estou falando da superfície, mas da pessoa que você realmente é?

5. Você se sacrifica pelos outros (pessoas erradas)

A razão pela qual você se sacrifica tanto pelos outros é simples. Seus pais te ensinaram durante toda a sua infância e adolescência que sua opinião, seus sentimentos, suas necessidades e suas emoções não contam. Eles não te disseram diretamente isso, mas eles fizeram você sentir.

Eles só ficaram satisfeitos quando você atendeu às expectativas e necessidades deles. Às vezes, eles usavam chantagem emocional ou faziam você se sentir culpada quando havia sinais de resistência de sua parte.

Você aprendeu a ignorar como se sente e quem você é. Hoje, você realmente não conhece seus limites. Você não sabe quando é o bastante. Eles também te ensinaram em algum lugar que o amor dói. Amar é se sacrificar a ponto de se perder, perder sua identidade e renunciar de quem você é e do que realmente deseja.

Com o tempo você se tornou o que os outros esperavam de você. Hoje, é natural que você faça o que os outros esperam de você, quer isso te machuque ou não. Seu papel é satisfazer os outros.

Se você se atreve a reclamar, logo eles te dizem que “você pensa demais em si mesma, reclama por nada e nunca faz o suficiente”. “Pare de choramingar, o que pedimos de você não é nada”.

É assim que muitas pessoas desperdiçam suas vidas:

- Você fiz essa escolha profissional para agradar seus pais. Você não gosta do que você está fazendo. Você só faz isso por hábito agora.

- Você não gosta de fazer esta atividade mas continuo a fazer ela porque outras pessoas estão felizes. 

- Você da dinheiro todo mês porque eles precisam (você nunca tem dinheiro para agradar a si mesma porque distribui tudo para todos). Eles realmente precisam de tudo isso? Eles estão realmente necessitados como eles afirmam?

- Você fica com ele porque ele precisa de você. Ele não será capaz de realizar seus sonhos sem você. Ele precisa de você. É verdade que você não ama ele há muito tempo, mas você não pode deixar ele. Basicamente, você está sacrificando sua felicidade por outra pessoa. Você acha que no final da sua vida você vai se sentir bem dizendo a si mesma que eu desperdicei minha vida para que outra pessoa fosse feliz. Não ! Pouca chance hein!

- Você está maltratada no seu trabalho, mas você sabe que foi seu chefe quem te deu a primeira chance. Mesmo que você perca sua saúde lá e seu salário nunca tenha aumentado, você fica lá. Você sabe que você poderia ter feito melhor, mas você não pode fazer isso com ele/ela. Embora muitas vezes o chefe não se importe. Um bom funcionário que não sabe o seu valor é como ganhar o jackpot. Ele se mata com a tarefa e nunca pede nada.

Só quero dizer que você faz coisas desproporcionalmente para outras pessoas. Você usa sua saúde, seu dinheiro, sua energia para os outros quando isso não traz nada para sua vida, apenas sofrimento e dor. Você carrega pesos há tanto tempo que você não sabe como se proteger. Você não sabe quando dizer pare. Eu fiz o suficiente. Eu dei muito. Eu não aguento mais.

Você não consegue mais ou simplesmente não sabe distinguir suas necessidades das dos outros. Você não pode dar sem se sacrificar. Você acha que se fizer mais, se der mais a situação vai melhorar quando não. Eles não vão mudar. As coisas não vão mudar assim.

Se eles mudarem, você nem terá energia para apreciar eles ou eles não estarão com você. Inconscientemente, você acha que você pode mudar eles quando não pode.

Remova o véu de seus olhos e olhe para essas pessoas pelo que elas são. Realmente olhe para eles com seus pontos fracos e seus pontos fortes, suas forças e suas fraquezas, pare de mentir para si mesma.

É hora de pensar em você, de se conhecer e, principalmente, de se respeitar para que os outros o respeitem e não ultrapassem mais seus limites. Você não tem que suportar e sofrer toda a sua vida. Sua infância foi difícil, você sofreu muito, é verdade, mas você não foi condenada a sofrer por toda a vida.

Sua vida pode mudar, se você mudar. Se valorize e se respeite. Repita isso: “EU MEREÇO MELHOR”, “EU MEREÇO MUITO MELHOR”.

Se você é uma pessoa que internaliza assim como eu, saiba que precisa de uma forte conexão com os outros. Você precisa de uma conexão profunda e reciprocidade. O vazio em seu coração será preenchido se você tiver relacionamentos de qualidade com pessoas que te trazer algo. Relacionamentos superficiais não te farão feliz e realizada.

Você precisa dessa pessoa para te entender verdadeiramente, para entender quem você realmente é e para compartilhar coisas profundas com você. Você tem que ser capaz de confiar sua vida a ela e poder contar com ela. Ao falar com ela, você deve se sentir ouvida e apreciada. Você precisa ter conexões fortes com os outros. Você vai ver quando estiver cercada das pessoas certas, você não vai mais sentir esse vazio no coração. Essas pessoas te ajudarão a se tornar a melhor versão de si mesma.

Quando você vencer, eles vencerão. Eles vão celebrar suas vitórias com você. Eles também estarão ao seu lado quando você não estiver se sentindo bem. Eles saberão como encontrar as palavras certas porque elas realmente conhecem você, não apenas na superfície.

Como eu sei? Porque eu encontrei as pessoas certas e eu não sinto mais um vazio no coração. Essas pessoas se tornaram a família que escolhi.

Beijo.

A Mulher Vitoriosa

LaFemmeVictorieuse

Jessy est une femme de Dieu aux talents multiples, fondatrice de “La Femme Victorieuse,” un média en ligne international qui s'adresse aux enfants de Dieu, en particulier aux femmes, à travers le monde. Disponible en français, en anglais et en portugais brésilien, ce média est un phare de foi et d'encouragement pour des milliers de personnes.

Juriste de formation, Jessy est diplômée d'un master en droit des affaires de l'Université Paul Cézanne Aix-Marseille III. Mais son parcours ne s’arrête pas là. Véritable créatrice de contenu digital, elle est également écrivaine, auteure, conférencière, et présentatrice sur YouTube et podcast. Avec une aisance naturelle devant les caméras et une plume inspirée, elle transmet des messages puissants de foi et d'empowerment.

Originaire de la Martinique, cette enfant de la Caraïbe a grandi au rythme des vagues et de la culture créole. Depuis plus de 10 ans, elle réside à Londres, où elle continue de briller.

En tant que coach de vie pour les femmes de Dieu, Jessy accompagne ses clientes dans la conquête de leurs obstacles et les guide vers le succès en harmonie avec leur foi.

Polyglotte, Jessy parle le créole martiniquais, le français, l'anglais, l'espagnol, et le portugais brésilien. Ces compétences linguistiques lui permettent de toucher un public international et de répandre le message de Dieu à travers le monde.

Également auteure de livres de prières en français, elle offre aux enfants de Dieu des outils pour triompher dans leur relation avec leur Père céleste et pour approfondir leur foi.

Au cœur de tout ce qu'elle entreprend, se trouvent son amour inébranlable pour Dieu et son désir profond d'aider les autres. Jessy est une véritable force de la nature, démontrant qu'il est possible de réussir en suivant ses passions tout en restant fidèle à ses convictions et en honorant Dieu. Elle incarne un modèle inspirant pour ceux qui aspirent à atteindre leurs objectifs, ancrés dans leur foi.

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